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domingo, 16 de fevereiro de 2014

Beleza impressiona, mas acesso é ruim, e Beira-Rio tem muito a fazer

Em evento-teste neste sábado, com 10 mil torcedores, estádio tem pontos positivos e agrada torcedores. No entanto, comunicação e entorno preocupam

  
Entre uma foto e outra, elogios. Com câmeras e celulares em mãos, os 10 mil sócios do Inter, que ganharam o direito de acompanhar o primeiro jogo no remodelado Beira-Rio fechado para obras há 447 dias, deliciaram-se novo estádio: “Bah, que coisa linda!”, exclamou uma torcedora. “Está com cheirinho de novo”, elogiou um jovem. “Muito melhor do que a Arena (do Grêmio)”, compararam vários colorados, que pouco ligaram para o fato de o local ainda não estar totalmente concluído.


A partida deste sábado, contra o Caxias, pelo Campeonato Gaúcho, ainda não foi um evento-teste da Fifa. Mesmo assim, membros da entidade e do Comitê Local Organizador (COL) da Copa estiveram no Beira-Rio como convidados e observadores. Optaram, porém, por não avaliar publicamente. Apenas 10 mil sócios e 250 torcedores do clube da serra gaúcha puderam acompanhar a partida. O primeiro evento-teste oficial, com a capacidade total do estádio, ocorre em 6 de abril, em amistoso contra o Peñarol. Na véspera, o Beira-Rio terá uma festa de reabertura.


Confusão no acesso

 


Primeiro estádio de clube pronto para a Copa do Mundo – os outros dois (Arena da Baixada e Arena Corinthians) ainda estão em obras -, o Beira-Rio teve uma peculiaridade em relação às demais aberturas das outras sete arenas já concluídas para o Mundial: as cobranças dos torcedores foram menores, uma vez que os colorados se sentiram em casa, um pouco donos daquele espaço. Os inúmeros elogios e a festa com a vitória por 4 a 0 sobre o Caxias, no entanto, não apagaram os vários problemas que precisam ser ajustados há menos de quatro meses da Copa. O principal deles, o acesso ao estádio.

Logo cedo, quando os portões foram abertos, por volta das 17h30, duas horas antes de a bola rolar, os sócios ingressavam com tranquilidade no estádio. No entanto, com a proximidade do apito inicial, milhares de pessoas se aglomeraram do lado de fora, uma vez que o acesso era lento. Alguns torcedores decidiram furar a fila, o que gerou muito confusão e reclamação. Com poucos orientadores do lado de fora do Beira-Rio, o tumulto foi inevitável. Faltava informação. O controle passou a ser menos rígido, muitos entraram correndo no complexo, mas, apesar da irritação dos sócios, não houve relatos de consequências mais graves.


A falta de orientação do lado de fora contrastou com o grande número de jovens orientadores dentro do estádio. Por todos os lados, era possível observar funcionários solícitos a ajudar. Um deficiente visual, por exemplo, foi escoltado a todo momento por uma jovem designada para ajuda-lo. Uma senhora, em uma cadeira de rodas, também teve fácil acesso ao Beira-Rio e ficou localizada na primeira fileira, próxima ao campo, no local especial para deficientes.

O Inter, inclusive, pareceu bastante preocupado em agradar seus torcedores. Formulários foram distribuídos antes da partida para que os sócios avaliassem vários quesitos do novo estádio.

Apesar de o estádio ter recebido apenas 10 mil torcedores, as grandes filas nos banheiros no intervalo da partida foram inevitáveis. No geral, no entanto, os toaletes ficaram relativamente limpos durante o jogo, apesar de alguns mictórios terem sido interditados ainda no primeiro tempo da partida. No banheiro na área de imprensa, não havia luz.

As lanchonetes, por outro lado, funcionaram quase que perfeitamente. Mesmo no intervalo da partida, quando as filas eram bem maiores, os torcedores não demoravam muito a conseguir comprar um lanche, devido ao grande número de funcionários, que atendiam com agilidade. As reclamações ficaram por conta dos preços salgados. A água, assim como uma lata de refrigerante, custou R$ 5,00. O salgadinho foi vendido por R$ 7,00, já a pipoca (doce ou salgada) por R$ 10,00.

Cambista age livremente


A reportagem do GloboEsporte.com também flagrou um cambista agindo em frente ao Beira-Rio. De acordo com o homem, que se identificou como Carlos, ele é integrante da torcida “Camisa 12”, e as entradas foram cortesia disponibilizados à organizada pela diretoria do Inter. O cambista pedia R$ 400 por bilhete.

Também teve torcedor que, mesmo não sendo sócio, conseguiu entrar no Beira-Rio neste sábado. O folclórico personagem “Gaúcho do Beira-Rio” chegou cedo ao estádio sem ingresso. Mesmo não sendo associado, ele conseguiu entrar.

- Meu santo é forte. Me colocaram para dentro – disse o torcedor, visivelmente emocionado com o Beira-Rio.

Telefonia, internet e telão ficam devendo

Alguns pontos certamente vão precisar de muita evolução para a Copa do Mundo. A questão da comunicação é um deles. A internet 3G, quando funcionou, foi muito lenta. O mesmo aconteceu com os sinais de telefone, inexistente em vários pontos do estádio.


Os dois modernos telões de LED de 86m² também não funcionaram bem. Eles não foram utilizados durante a partida. Já o sistema de som se mostrou eficiente e potente.

Após a partida, o vice-presidente do Inter, Marcelo Medeiros, reconheceu que muita coisa ainda precisa ser aprimorada no estádio. No entanto, o dirigente afirmou que o Beira-Rio já está pronto para receber outros jogos e reiterou o pedido de liberação ao Ministério Público.

- Hoje foi um evento-teste. Muitas coisas precisam ser aprimoradas. Tenho certeza que a segurança do Beira-Rio é muito melhor do que em lugares que temos competindo. Vocês de devem estar impactados com as mudanças Beira-Rio. Esperamos que os órgãos públicos se sensibilizem e deixem a comunidade colorada jogar na sua casa. E nós queremos jogar no Beira-Rio – disse Marcelo Medeiros.
Entorno ainda é canteiro de obras

Outro ponto preocupante é o entorno do estádio. O local, que passa por obras para a Copa do Mundo, ainda aparenta estar longe de ser concluído. Pistas interditadas, buracos nas ruas e materiais de construção, como madeiras, estão espalhados pelas proximidades.  Há também muita terra que, em dia de chuva, pode transformar o local em um lamaçal.




As obras no entorno, inclusive, podem ocasionar consequências graves. Na última sexta-feira, em entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente colorado, Giovanni Luigi, disse que existe o risco de o Beira-Rio ficar fora da Copa, já que o clube não tem condições de arcar com os gastos das estruturas temporárias (áreas de imprensa, energia, tecnologia da informação e segurança, entre outras, necessárias para a organização do Mundial), calculados em aproximadamente R$ 30 milhões. O Inter espera que a prefeitura de Porto Alegre e o governo do Rio Grande do Sul ajudem nas despesas.

Na próxima segunda-feira, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, terá um encontro com o vice-governador do Rio Grande do Sul, Beto Grill, e o prefeito da capital, José Fortunati. Na terça, ele visita o Beira-Rio. O prazo para entrega das estruturas temporárias é 22 de maio.



 Fonte:http://globoesporte.globo.com

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