Robô 'Optimus Prime' reduz risco em missões com artefatos
explosivos. Perímetro da Arena da Amazônia terá reforço no
monitoramento.
A segurança pública do Amazonas ganhou um novo aliado. Trata-se do
robô multimissão iRobot 510-A, que é um tipo de veículo terrestre não
tripulado usado em missões antibombas e de reconhecimento. O equipamento
é um dos investimentos voltados para Copa do Mundo em Manaus.
Durante o mundial, a capital amazonense contará ainda com
geotecnologias empregadas no policiamento e o monitoramento de
torcedores, seleções e demais frequentadores do entorno da Arena
Amazônia - estádio que receberá quatro jogos da Copa. Veja galeria com
imagens do robô durante simulação.
O robô multimissão é o primeiro usado por forças de segurança na
Região Norte do país. O equipamento agora integra o Grupamento de
Manuseio de Artefatos Explosivos (Marte) da Polícia Militar.
Inspirado no robô protagonista da série de filmes Transformers, os
militares do Grupamento Marte rebatizaram o equipamento com o codinome
"Optimus Prime". Embora pese apenas 22 kg e tenha base com tamanho de 60
cm x 80 cm, o robô alcança dois metros e meio de altura, tem capacidade
de levantar objetos com até 12 kg e arrastar artefatos que pesem até 25
kg.
Segundo o subcomandante do Grupamento de Marte, tenente Mesquita
Feitoza, o robô tem como principal função auxiliar na observação e
remoção de objeto suspeito de ser artefato explosivo durante missões. "O
robô é feito basicamente com duralumínio – um tipo de liga leve e
resistente de alumínio, mas possui ainda uma série de dispositivos:
quatro câmeras, sistema de iluminação infravermelho e comum, microfones e
alto-falantes", comentou o tenente.
As câmeras possibilitam a visualização durante o manuseio dos artefatos
explosivos e o reconhecimento de locais à longa distância. Um acessório
ligado ao sistema de comunicação utilizado no robô permite que o
operador comande o equipamento de uma distância de até um quilômetro em
ambiente aberto. “Se tiver um local com edificações reduz a distância
máxima entre o robô e o operador”, ressalvou o especialista.
O sistema de controle do "Optimus Prime" consiste em um notebook
adaptado. Por meio de um controle remoto semelhante aos de videogames e
um sistema operacional próprio, o robô é operado. O equipamento tem uma
série de posições predefinidas e mobilidade capaz de subir degraus de
escadas.
"Desse sistema de controle temos a visão do que é captado pelas quatro
câmeras, que serve tanto de orientação do robô como para uso da garra. O
equipamento é importante na manipulação e remoção porque, às vezes, o
local é inapropriado para contramedidas, que são as ações contra bombas,
ou seja, neutralização, destruição ou desativação dos artefatos
explosivos", explicou o subcomandante.
As ações com robô reduzem os riscos para os militares envolvidos nas
operações antibombas, durante remoção ou outras intervenções nos
artefatos explosivos, de acordo com tenente Mesquita.
“A função dele é substituir o homem em algumas operações, pois mesmo
com traje antifragmentação, que é uma alternativa, ainda há riscos.
Agora aproximação com traje ficou em segundo plano. A primeira opção
sempre será o robô porque ele é um bem e não uma pessoa. Porém, há
situações que não tem como empregá-lo, pois há limitações como todo
equipamento, por exemplo, se a edificação for muito complicada para
adentrar e se não há certeza desenvolvimento eficiente da função",
ponderou tenente Mesquita.
Antes da aquisição do traje antifragmentação, que é feito de material
resistente e pesa 40 kg aproximadamente, os policiais militares do Marte
usavam apenas equipamentos de proteção individual: capacete e colete
balístico, mas a intervenção nessas circunstâncias só era permitida
considerando se grau de risco era aceitável.
Desde ano passado o Grupamento Marte treina o uso do robô e dos demais
equipamentos novos. O subcomandante recebeu treinamento em Brasília e
promoveu capacitação dos integrantes do Marte em Manaus. "Você observar o
robô in loco é uma coisa e ter noção de como ele está no terreno
através das câmeras é algo completamente diferente", enfatizou Mesquita.
No final do primeiro semestre de 2013, o Ministério da Justiça
através da Secretaria Extraordinária para Grandes Eventos (Sesge),
adquiriu os equipamentos e fez doação para Segurança Pública do
Amazonas. O robô estava entre os materiais, que também foram doados às
demais cidades-sede da Copa no Brasil.
Testes Reais
A utilização do robô se tornou uma das primeiras linhas de ação em
situações envolvendo artefatos explosivos em Manaus. Além das
simulações, o "Optimus Prime" foi testado em situações reais na remoção
de bombas.
No dia 24 de setembro do ano passado, uma quadrilha tentou arrombar um
caixa eletrônico em agência bancária, localizada na Avenida Brasil,
Compensa, Zona Oeste de Manaus. Um artefato explosivo não foi detonado e
a polícia precisou neutralizar a bomba. O robô foi usado na ação do
Marte.
Meses depois, no dia 18 de novembro um catador de lixo encontrou uma
caixa suspeita de armazenar artefatos explosivos na Praça do Amarelinho,
bairro Educandos, Zona Sul de Manaus. O "Optimus Prime" também foi
utilizado na aproximação, constatando que se tratava de sinalizadores e
bombas de pesca. A operação durou cerca de seis horas. "Havia riscos de
explosões se o manuseio fosse inadequado. Em todas essas ocorrências
reais o robô foi eficiente", destacou tenente Mesquita Feitoza.
Geotecnologias
Outros mecanismos tecnológicos serão usados no policiamento e ações
integradas durante a Copa do Mundo em Manaus envolvem as chamadas
geotecnologias. Esses recursos vêm sendo introduzidos na segurança do
estado nos últimos cinco anos, segundo Marcelo Faria, Gerente para o
setor de Segurança Pública na Imagem - empresa que comercializa
softwares de Sistemas de Informações Geográficas usados pelo Amazonas.
De acordo Marcelo Faria, o conceito de Geotecnologia abrange a
aquisição, armazenamento, processamento, análise e integração de
informações espacialmente referenciadas, refere-se ao uso de técnicas
computacionais para análise do espaço geográfico.
"Podemos notar claramente a utilização da geotecnologia no dia a dia da
sociedade moderna, dado exemplo quando utilizamos nossos aparelhos
celulares para traçar uma rota para encontrar um destino ou até mesmo
para chegar a um destino mais próximo, no entanto, o maior valor da
geotecnologia acontece quando aprofundamos estas análises espaciais, de
forma que responda a uma gama de perguntas específicas que somente a
geografia pode", frisou o representante da Imagem.
Na segurança de Manaus, a tecnologia de geoprocessamento de dados
mapeia denúncias, crimes, zonas de risco e rotas de fuga de criminosos,
dentre outras finalidades, de maneira online e em tempo real, por meio
do programa Ronda no Bairro e os Sistemas de Inteligência Geográfica
(GIS). O resultado alcançado é considerado positivo e por isso o
programa será ampliado durante a Copa do Mundo de Futebol.
"Manaus traz para as missões da segurança pública em grandes eventos,
especificamente falando da Copa do Mundo, a facilidade que o
conhecimento territorial e sócio ambiental da cidade. A geotecnologia
será utilizada principalmente nas questões de localização dos alvos
específicos, mobilidade e posicionamento do efetivo policial com o
intuito de manter a paz e a ordem em todo o município. Estes serão os
principais pilares no que tange segurança pública utilizando a
geotecnologia na Copa do Mundo", ponderou Marcelo Faria.
O tenente da Polícia Militar do Amazonas, Rouget Brito, que atua no
Núcleo de Geoprocessamento do Estado do Amazonas (NGEO), explicou que o
geoprocessamento auxiliam em várias ações de segurança pública,
possibilitando o acesso aos dados geográficos e o número de pessoas em
um determinado local.
"O geoprocessamento consegue pegar o mundo real e transferir dados para
mundo computacional. Nesse mundo computacional, os gestores em tempo
real conseguem acompanhar a dinâmica das ações de cada órgão e subsidiar
a tomada de decisão", informou.
Conforme tenente Rouget Brito a plataforma do Ronda no Bairro - o
Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP), que funciona em qualquer
computador ou dispositivo móvel- foi aproveitada.
Um aplicativo específico para Copa foi desenvolvido pelo NGEO
juntamente com a Empresa de Processamento de Dados do Amazonas (Prodam).
Através dos aplicativos e das plataformas todas as ações serão
definidas e acompanhadas em tempo real do Centro de Comando e Controle
na Arena da Amazônia e Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) no
bairro Aleixo. "As estruturas de todos os órgão envolvidos na Copa
também serão georeferenciadas", acrescentou tenente Rouget Brito.
Os perímetros de segurança preestabelecidos pela Secretaria-Executiva
de Grandes Eventos (Seasge) e rotas protocolares, que são os trechos por
onde as autoridades irão fazer percursos (Aeroporto Internacional
Eduardo Gomes à Arena da Amazônia e dos hotéis à Arena e aos Centros
Oficiais de Treinamento - COTs), já foram definidos.
Nesses trechos, qualquer ocorrência na área georeferênciada subirá de
prioridade de imediato mesmo se for um simples acidente de trânsito.
"Com aplicativo e o georeferenciamento o gestor consegue visualizar o
local da ocorrência no mapa, indentificar e tomar uma decisão em
colegiado", justificou tenente Rouget Brito.
Fonte: http://g1.globo.com