Debaixo d'água no Recife, atacante faz quarto gol como Messi e Neymar e acaba com rumores sobre “jogo de compadres”. EUA também se classificam
Thomas Müller sabe nadar. Mas sua especialidade é mesmo fazer gols em
Copas do Mundo. Debaixo de um temporal na Arena Pernambuco, o atacante
voltou a decidir para a Alemanha no Brasil: foi dele o único e belo gol
da Alemanha na vitória sobre os Estados Unidos, por 1 a 0, nesta
quinta-feira, que a colocou nas oitavas de final como primeira colocada
do Grupo G.
Referência, Müller virou também artilheiro. O craque do jogo em eleição
feita na internet chegou aos quatro gols no Mundial, igualando-se a
Lionel Messi e Neymar antes do mata-mata. Já soma nove contabilizando os
cinco marcados na África do Sul, quando foi revelação e levou para casa
a Chuteira de Ouro.
Alguns europeus favoritos ao caneco se despediram na primeira fase. Não
foi o caso dos alemães, que jogaram para vencer, somaram sete pontos e
garantiram a primeira visita ao sul do país: depois de conhecer boa
parte do Nordeste, vão até Porto Alegre enfrentar o segundo do Grupo H,
na segunda-feira, às 17h (de Brasília).
Os americanos, beneficiados pelo triunfo de Portugal sobre Gana, também
comemoraram a vaga. Foi um grande feito se levado em conta a qualidade
dos adversários e a quilometragem rodada desde que iniciaram a
preparação no Brasil, com sede fixa em São Paulo e jogos em Natal,
Manaus e agora Recife. Os torcedores que enfrentaram a chuva
reconheceram - 41.876 no total na Arena - e foram ao delírio quando o
placar anunciou a classificação. O adversário da próxima fase deverá ser
a Bélgica, líder do Grupo H, terça-feira, às 17h (de Brasília), na
Fonte Nova, em Salvador.
Empatar? Não, senhor!
Desde segunda-feira o assunto foi abordado com frequência: Alemanha e
Estados Unidos protagonizariam um “jogo de compadres” que pudesse
classificá-las às oitavas de final da Copa do Mundo? Coletivas de
imprensa tornaram-se quase um bombardeio de perguntas de ávidos
jornalistas: os alemães seriam capazes de repetir a “Vergonha de Gijón”,
quando pareceram ter combinado uma vitória simples sobre a Áustria para
ir adiante na Copa de 1982? A resposta foi um sonoro não - ao menos nos
45 minutos iniciais.
A Alemanha queria jogar, vencer, garantir-se na primeira colocação e
acabar com qualquer rumor que afetasse a sua imagem. Com menos de dez
minutos já dominava o campo ofensivo, encurralando os americanos com
quase 80% da posse de bola graças à influência de Schweinsteiger,
titular pela primeira vez no Brasil. Faltavam as finalizações: Müller
furou um voleio, Podolski emendou para fora, Özil chutou fraco, Höwedes e
Boateng não acertavam um cruzamento sequer, deflagrando a necessidade
de se ter laterais de origem no setor contra equipes mais fechadas.
Howard, no fim das contas, trabalhou pouco. Neuer menos ainda. Bradley
era basicamente a única cabeça pensante na equipe de Jürgen Klinsmann -
foi ele quem puxou o contra-ataque que rendeu a melhor chance, em chute
de Zusi por cima da meta. Dempsey, isolado, participava pouco. O
zagueiro Omar González, com cortes precisos, acabou sendo o melhor dos
americanos, pilhados em cada dividida, para delírio de sua participativa
torcida na Arena Pernambuco.
Chuva e jogo quente
Chovia bastante desde a madrugada, o que fez do antes temido calor um
fator simbólico. Mas o jogo era quente o suficiente para compará-lo a um
mata-mata. Schweinsteiger e Dempsey, por exemplo, desceram para o
vestiário sem se cumprimentarem. Jones, um dos cinco americanos com
raízes alemães, também se estranhou com o volante do Bayern de Munique.
Foi até derrubado pelo árbitro uzbeque Ravshan Irmatov, econômico nos
cartões amarelos.
Löw percebeu o pequeno detalhe que faltava à Alemanha e pôs Klose no
segundo tempo. A tal presença de área do novo recordista de gols da Copa
do Mundo permitiu, por exemplo, Müller se afastar da pequena num dos
muitos cruzamentos. Não é que deu certo? Mertesacker forçou Howard a
espalmar com uma cabeçada, e o camisa 13 aproveitou o rebote com
plástica conclusão, no cantinho esquerdo do goleiro americano para
inaugurar o placar.
Surgiram gritos de “USA” das arquibancadas. Os americanos
preocupavam-se com a reação de Gana contra Portugal, o que em questão de
tempo poderia significar uma eliminação. Vontade não faltou: Bedoya e
Jones, numa dessas investidas, trombaram e precisaram receber
atendimento por minutos. Com a bola, esbarravam na limitação técnica de
seus atletas, enquanto a Alemanha, mais organizada para atacar e
defender, parecia segura e agora tranquila para segurar o resultado, sem
qualquer peso na consciência. Com o gol de Cristiano Ronaldo em
Brasília, pouco importou: ambos estavam classificados.
Fonte: http://globoesporte.globo.com
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