Europeus terão o México como adversário na fase de oitavas, ao passo que o Chile terá de medir forças com o Brasil, primeiro colocado no Grupo A
Louis Van Gaal pode ser arrogante, sisudo, chato. Mas sabe que tem
algumas joias que fazem a Holanda ser, talvez, o time mais traiçoeiro
desta Copa do Mundo. Ela deixa o adversário jogar, sofre pressão em
alguns momentos, mas na hora de decidir... Mesmo sem Van Persie, a
Laranja segurou o empolgado Chile na tarde desta segunda-feira, na Arena
Corinthians, fez 2 a 0 em dois lances isolados e garantiu a liderança
do Grupo B, com nove pontos. Com o brilho de Robben e os gols dos
reservas Fer e Memphis Depay, os holandeses calaram o mar de chilenos no
estádio – foram a grande maioria dos 62.996 pagantes.
Com seis pontos, o Chile termina a primeira fase na segunda posição. La
Roja vai encarar o Brasil nas oitavas de final. A Holanda enfrenta o
México no domingo, às 13h (horário de Brasília), no Castelão. Brasil x
Chile está marcado para sábado, às 13h, no Mineirão.
Van Gaal disse um dia antes do jogo: o Brasil não deve querer enfrentar
a Holanda. Ninguém deve querer. O talento, mesmo, está concentrado no
ataque, com Sneijder, Robben e Van Persie – que voltará às oitavas de
final com sede de gols. Mesmo assim, o técnico tem uma liderança e um
domínio sobre o grupo capaz de colocar Dirk Kuyt, atacante, como um
lateral-esquerdo. Ele não deixou Alexis Sánchez jogar.
O Chile leva uma lição para aprender em casa. Mesmo com um time mais
talentoso, é preciso saber o momento certo de vencer. Arturo Vidal faz
uma falta imensa ao meio-campo, que não mostrou criatividade nesta
segunda-feira – poupado, o meia voltará ao time nas oitavas.
Partida tem início morno
Hino à capela, torcida quase inteira a favor, um técnico que não parou
de se mexer na sua área ao lado do campo... O Chile fez da Arena
Corinthians a sua própria casa, e por isso propôs o jogo, deixando a
Holanda mais posicionada em seu campo de defesa. Com 68% da posse de
bola durante o primeiro tempo, os chilenos tocaram, tocaram, tocaram e
acharam poucos espaços na disciplinada seleção europeia.
Louis Van Gaal sabia que o adversário não teria Arturo Vidal. Com as
atenções concentradas em Alexis Sánchez, o holandês não teve vergonha de
colocar o atacante Dirk Kuyt na lateral esquerda, ajudando Blind,
formando uma linha de cinco defensores e encaixotando o principal
jogador chileno em uma área muito limitada de atuação.
Sem poder entrar em campo, o técnico Jorge Sampaoli não parou de se
mexer. Como se regesse sua própria orquestra, orientou, abriu os braços,
reclamou de três supostos pênaltis em seus jogadores – em dois deles, o
holandês Ron Vlaar bancou o valentão e deu bronca dura em Vargas e
Alexis, acusando-os de cavarem a penalidade. A impaciência começou a
atrapalhar o Chile.
A Holanda usou exatamente a arma que rendeu a goleada histórica sobre a
Espanha. Chamou ainda mais o rival e deu dois botes, nas chances mais
claras da primeira etapa. Sem Van Persie, suspenso, Robben chamou a
responsabilidade, roubou bolas e armou sozinho os contra-ataques. Aos 38
minutos, o lance quase decisivo: o camisa 11 disparou na diagonal, em
seu movimento característico, e chutou sem chances para Bravo. A bola
passou pertinho da trave esquerda.
Sem gols, os torcedores chilenos e holandeses mostraram tensão. Os
brasileiros fizeram piada e cantaram músicas da seleção nacional. Os
corintianos gritaram “Timão” e provocaram Valdivia, palmeirense, que
estava no banco de reservas.
Jogo aéreo alivia os holandeses
A Holanda demorou para descobrir o ponto fraco da defesa chilena.
Estava ali, escancarada, a diferença de altura entre os jogadores das
duas seleções. Van Gaal preferiu continuar confiando no brilho de
Robben, cada vez mais isolado entre um mar de chilenos. Ainda assim,
exigiu grande defesa de Bravo em chute de fora da área.
O Chile precisava vencer, e queria o resultado para manter a maré de
confiança que tomou conta do país nas últimas semanas. Jorge Sampaoli,
mais do que ninguém, teve essa noção. Tirou o zagueiro Francisco Silva e
lançou Valdivia, que entrou em campo num misto de vaias e aplausos –
coisas de palmeirenses e corintianos. Sampaoli sabia que emoções maiores
viriam. Só não sabia para qual lado.
A saída de Silva acabou deixando um buraco maior na defesa. Só aí a
Holanda resolveu investir nas jogadas aéreas. Van Gaal tirou o apagado
Sneijder, 1,71m, e lançou o meio-campista Leroy Fer, 1,88m – mais alto
do que toda a zaga chilena. No primeiro escanteio vindo da direita,
Janmaat só teve o trabalho de alçar a bola na área. Aos 31 minutos, Fer,
sozinho, deslocou Cláudio Bravo e iniciou a festa laranja na Arena
Corinthians.
Sampaoli ainda tentou levar o Chile ao ataque com a mesma arma. Colocou
Pinilla, 1,85m, para reforçar o poder ofensivo. Não é essa a
característica da “Roja”. As bolas alçadas na área mais pareciam
desespero. E não funcionaram. Nos acréscimos, De Jong lançou Robben na
velocidade, pela esquerda, e o atacante holandês fez o que se espera
dele: foi ao fundo e rolou com açúcar para Memphis Depay empurrar para a
rede e fechar o placar.
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