Dono da camisa 9 da Seleção, atacante marca uma vez, vê sonho do título chegar ao fim com vexame e é o maior alvo das críticas dos torcedores após a queda nas semis
Gols, artilharia, sucesso na Copa do Mundo e volta ao
futebol europeu. Tudo isso fez parte do imaginário, e das entrevistas,
de Fred antes de o Mundial começar. A competição era vista pelo atacante
como a chance de aumentar sua cotação, atrair novamente olhares de
clubes de fora do Brasil ou, no mínimo, ganhar poder de negociação no
Fluminense para renovar o contrato que termina em dezembro do ano que
vem. Passadas seis partidas na Copa, sendo a última o vexame histórico
na derrota por 7 a 1 para a Alemanha, o camisa 9 se vê cercado de
críticas, contestado e desvalorizado (assista a alguns lances do jogador no torneio no vídeo acima).
Fred
foi o maior alvo dos torcedores que lotaram o Mineirão na semifinal
disputada no fim da tarde da última terça-feira. Substituído por Willian
aos 24 minutos do segundo tempo, o jogador deixou o gramado em que
havia marcado 42 vezes na carreira coberto por vaias. Sentado no banco
de reservas, viu sua imagem reproduzida nos telões do estádio e
novamente não foi perdoado, algo que acontecera algumas vezes durante a
partida e ao longo da competição. Nas redes sociais, a comparação com um
"cone", que nasceu durante o Mundial, ganhou ainda mais força.
-
Isso aí nem me influencia muito. O que me machuca foi o resultado que
aconteceu, da forma que aconteceu – disse o atacante, após a derrota
para a Alemanha, ao SporTV.
Um dos líderes do grupo de Felipão, o camisa 9 teve participação abaixo
da crítica na Copa. Fez apenas um gol em 471 minutos jogados (assista no vídeo ao lado)
e não deu uma assistência sequer. Nem de longe lembrou o artilheiro da
Copa das Confederações do ano passado, com cinco gols. O desempenho
naquela competição, aliás, perseguiu o atacante neste Mundial. Na
ocasião, Fred também passou em branco nas duas primeiras rodadas, mas
recuperou-se e teve participação decisiva no título. Desta vez, futebol
ruim e falsa esperança de que poderia ressurgir a qualquer momento.
Primeiro, ao marcar na goleada por 4 a 1 sobre Camarões, no fim da
primeira fase. Depois, acreditava-se que poderia conduzir o time com a
saída de Neymar por grave lesão.
- Decepção total, porque com certeza é a pior derrota da
carreira de todos os jogadores que vivenciaram esse momento de tristeza.
Fizemos o pior jogo da nossa vida, e a Alemanha fez o melhor da vida
deles. É um momento de muita tristeza e decepção, mas que a gente vai
ter de se apegar às pessoas que vão nos ajudar nesses momentos difíceis
que nós vamos passar agora. É uma cicatriz que vai ficar marcada durante
toda a nossa vida – lamentou o atacante do Fluminense.
Aos
30 anos, Fred disputa sua segunda Copa do Mundo. Na primeira, em 2006,
na Alemanha, era reserva de Ronaldo Fenômeno e Adriano e chegou a fazer
um gol. Pilar de Luiz Felipe Scolari para o Mundial no Brasil, não
correspondeu. A participação, aliás, entra para a galeria das piores de
um centroavante brasileiro e pode representar o fim da curta história
dele com a camisa amarela.
Números escancaram fraca atuação
Os números de Fred na Copa refletem suas atuações. Em seis
partidas na Copa do Mundo, ele esteve em campo durante 471 minutos. Mais
do que Neymar (457 min) e Hulk (380 min), seus companheiros de ataque
na seleção brasileira.
As estatísticas, porém, jogam
contra. Fred tem números aquém do que se espera de um camisa 9 da
seleção brasileira. Em seis partidas, um gol, nenhuma assistência e
apenas 11 finalizações, o que dá menos de dois chutes a gol por jogo.
Sofreu um pênalti, na estreia contra Croácia, determinante para a virada
por 3 a 1. Mas até nisso foi contestado, acusado de ter simulado a
falta, o que acabou o levando a gravar um depoimento para explicar a
jogada (assista ao lance no vídeo acima).
A apatia também é refletida em números: em toda campanha do
Brasil, o centroavante não deu qualquer arrancada e não desarmou o
adversário sequer uma vez. Fred percorreu 47,2 Km em todo o Mundial.
Menos do que Neymar (49,9 km), por exemplo, que disputou uma partida a
menos no torneio. O atleta perde em quase todos os quesitos para seus
companheiros de ataque.
E não é só na comparação com
os atuais atacantes brasileiros que Fred fica devendo. Desde a Copa de
1978, com Reinaldo, um centroavante titular da Seleção marcava apenas um
gol em Mundiais. Serginho Chulapa, em 1982, Careca, em 1986 e 1990,
Romário, em 1994, Ronaldo, em 1998, 2002 e 2006, e, por fim, Luis
Fabiano, em 2010, marcaram mais gols do que o atual camisa 9. Fred,
porém, ainda tem a partida contra a Holanda, no próximo sábado, em
Brasília, para tentar melhorar seu número de gols.
Futuro indefinido no Flu
A frustrante Copa de Fred também deve interferir na relação
dele com o Fluminense. Antes da competição, em nenhum momento ele
descartou deixar as Laranjeiras. Desde o fim de 2013, o camisa 9 tenta
uma renovação de contrato. O jogador, que recebe 80% do salário de R$
900 mil da Unimed, pediu mais de 50% de aumento e manifestou o interesse
de esticar a permanência no clube até o fim de 2018, quando terá 33
anos. A proposta de Fred foi debatida internamente e encontrou certa
resistência. O longo tempo de contrato, mais três anos e com altíssimos
valores, gerou questionamentos nos bastidores do clube. Entre os
argumentos dos que foram contra, a idade do jogador e o histórico de
lesões. Além disso, o Fluminense tem ciência de que nenhuma equipe
brasileira, e até de fora do país, pagaria tanto a um jogador com o
perfil de Fred.
Uma dívida do Fluminense com Fred no
valor de R$ 2 milhões, referente a direitos de imagem atrasados, pode
virar moeda de troca em caso de saída do atacante do clube. Dono de 20%
dos direitos econômicos do camisa 9, o Tricolor não consegue quitar o
débito e considera descontar o valor da parte que detém em uma futura
negociação para repassar ao jogador. A Unimed, patrocinadora do clube, é
dona dos outros 80%. Antes da Copa, o presidente da parceira, Celso
Barros, estabelecia € 5 milhões (cerca de R$ 15,1 milhões) como ponto de
partida para negociar Fred, com boa possibilidade de redução,
principalmente depois da Copa.
Apesar de restar uma
chance a Fred, é fato que sua trajetória pela Seleção está arranhada. E
nem um caminhão de gols sobre os holandeses poderá absolvê-lo.
Fonte: http://globoesporte.globo.com
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