"Sunday Times" diz ter provas que Mohamed bin Hammam enviou dinheiro a dirigentes africanos para influenciar na eleição da Fifa em 2010
O jornal inglês “Sunday Times” publica na edição deste
domingo uma reportagem dizendo ter provas que Mohamed bin Hammam, ex-membro do
Comitê Executivo da Fifa e ex-presidente da Federação Asiática de Futebol,
pagou US$ 5 milhões (R$ 11,1 milhões) em propinas a dirigentes para ajudar o Catar a ser
escolhido como sede da Copa do Mundo de 2022.
Homem-forte do futebol no Catar, Bin Hammam foi banido pela
Fifa em dezembro de 2012, cerca de dois anos depois de o país ter sido indicado
como sede do Mundial (a Copa de 2018 será na Rússia).
De
acordo com o “Sunday Times”, vários documentos – como e-mails,
cartas e transferências bancárias – provam que o dirigente catari usou
dinheiro para influenciar na escolha da sede do Mundial de 2022. A
reportagem assegura que Bin Hammam enviou dinheiro diretamente a
dirigentes africanos para ganhar o apoio à candidatura do país asiático.
A reportagem diz que a maioria das pessoas que recebeu
dinheiro não tinha direito a voto no Comitê Executivo da Fifa, mas poderiam
trabalhar para influenciar a decisão dos quatro membros africanos que
participariam da eleição.
Outra acusação do “Sunday Times” é de que Bin Hammam pagou €
305 mil (R$ 930 mil) ao taitiano Reynald Temari, também ex-participante do Comitê Executivo,
para “cobrir despesas legais”. Temari estava suspenso e não poderia votar na
eleição da Copa, mas os documentos do jornal provariam que ele usou os recursos
do catari para recorrer da punição, adiar sua exclusão do Comitê Executivo e
evitar que seu substituto, David Chung, votasse na candidatura da Austrália.
O “Sunday Times” levanta ainda questionamentos sobre a
relação de Bin Hammam e Jack Warner, ex-presidente da Concacaf,
ex-vice-presidente da Fifa e ex-membro do Comitê Executivo: o dirigente de
Trinidad e Tobago teria recebido US$ 1,6 milhão (R$ 3,5 milhões) do catari em um período
anterior ao voto.
O governo do Catar negou que Bin Hammam tenha se envolvido
na candidatura à Copa de 2022. Investigador contratado pela Fifa para apurar
denúncias de corrupção na entidade, Michael Garcia já está estudando as
acusações de propinas sobre as eleições das Copas de 2018 e 2022.
A Inglaterra tentou sediar o Mundial de 2022, mas saiu logo
na primeira rodada de votação com apenas dois votos. Desde então, a imprensa
britânica tem investigado a eleição da Fifa e denunciado irregularidades. Para
o “Sunday Times”, as provas recolhidas pelo jornal devem colocar pressão na
entidade para rever o processo de escolha da Copa no Catar.
O
Catar foi escolhido pelo Comitê Executivo da Fifa como sede da Copa de
2022 em eleição realizada em dezembro de 2010. Na ocasião, a Rússia
também venceu a votação para receber o Mundial de 2018. O Catar bateu
Coréia do Sul, Austrália, Estados Unidos e Japão na votação. Vários
pleitos foram realizados pelo Comitê, até que um candidato tivesse mais
de 50% dos votos. A Fifa não divulgou quantas rodadas de votação foram
feitas nos casos de Catar e Rússia.
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