Paes minimiza preocupação do COI: 'As Olimpíadas vão muito bem'

Antes de reunião com representantes da entidade, prefeito do Rio de Janeiro afirma que problemas são normais na organização dos Jogos

Em seu relatório, o Comitê Olímpico Internacional (COI) mostra preocupação. Eduardo Paes, porém, se diz tranquilo. Neste domingo, antes do início das reuniões com representantes da entidade, o prefeito do Rio de Janeiro afirmou que, apesar das dificuldades, a realização dos Jogos de 2016 não está em risco. No sábado, o jornal “Estado de S. Paulo” afirmou que o COI teria traçado um raio X do estágio da organização do evento e concluído que a cidade se mostra "despreparada".

Na manhã deste domingo, na sede do Comitê Rio 2016, a marroquina Nawal el-Moutawakel, que preside a Comissão de Coordenação do COI para os Jogos, entrou rapidamente para a reunião e não quis falar com a imprensa. Eduardo Paes, por sua vez, afirmou ainda não ter visto o documento, mas garantiu não estar preocupado.

- Não vi ainda (o relatório). Não vou comentar um negócio que eu ainda não vi, vou ver agora. A gente fez uma prestação de contas há duas, três semanas, na qual a gente abriu absolutamente tudo. Não tem tantos problemas assim, mas é óbvio que é um desafio imenso. Então, é óbvio que você vai ter pontos de estresse e problemas. Mas acho que as Olimpíadas vão muito bem. Mas vamos nos reunir com eles agora para ver qual é o problema. (...) Acho que não há motivos mais graves para eles estarem preocupados. Sempre alerta, a gente tem de estar. Eu garanto que sou muito mais estressado que eles todos juntos – afirmou o prefeito.

As reuniões entre a organização dos Jogos e os membros do COI seguem até esta segunda-feira. Um dos pontos mais preocupantes da entidade é em relação ao plano para Deodoro, uma das sedes de competição. Paes, no entanto, garante que as obras, apesar de atrasadas, não preocupam.

- O que eu estou imaginando é que essa é uma planilha interna deles de monitoramento. Se você pegar minha planilha, vai ver vários pontos de amarelo e vermelho. São coisas para chamar atenção, dar mais ênfase. São assim que esses instrumentos funcionam. Mas sabemos que temos vários desafios ainda. A gente sabe que em Deodoro estão acontecendo atrasos, mas são coisas pequenas. Não é um problema. Deodoro é muito simples de fazer.

O COI classificou os 44 capítulos da preparação em três cores diferentes: verde, para áreas em dia; amarelo, para as que apresentam preocupação; e vermelho para as que já estão comprometidas. A maior dúvida é em relação às instalações esportivas. Segundo o COI, os locais de competições ainda não foram 100% confirmados. A entidade reclama das constantes mudanças de plano dos organizadores. “Ainda existem muitas e frequentes mudanças de locais ou incertezas sobre a localização e especificações das instalações", teria sido escrito no relatório.

Sobre Deodoro, o COI pede "urgência máxima" no planejamento, nas licitações e na construção do local. Segundo o cronograma indicado no documento, o projeto de Deodoro deveria estar pronto em maio de 2012. Mas o novo prazo é novembro de 2013. Há também críticas em relação às condições do estádio olímpico João Havelange. Paes, porém, se defende.
- O Parque Olímpico está a todo vapor. O Engenhão, que parece estar citado no relatório, o problema já está sendo resolvido. O problema do Engenhão não é dos Jogos, é para os jogos do Botafogo, do futebol carioca.

Outro alerta da entidade é em relação à estrutura. No transporte, o Comitê pede um “monitoramento muito cuidadoso” da Linha 4 do Metrô e das obras entre Barra e Zona Sul, atrasadas. Para o COI, haveria o risco de uma frota insuficiente de ônibus. A entidade pede um plano alternativo de transporte, caso a construção da Linha 4 do Metrô falhe. Em amarelo, o comitê mostra preocupação quanto ao abastecimento de água e eletricidade, além da obra do porto.

A questão dos hotéis está absolutamente resolvida. É um tema superado."

Eduardo Paes

- A Transbrasil não tem p... nenhuma com as Olimpíadas. Nunca teve BID (Boletim Informativo Diário) olímpico, nunca teve nada a ver com as Olimpiadas e eu não vou estar sendo monitorado por eles pela Transbrasil. Esse monitoramento é da população carioca. E a Transolimpica, já sabemos os desafios dela. Sorte que a gente já começou as obras há um ano e meio atrás - afirmou Paes.
A rede hoteleira também preocupa o COI. Até agora, o número de quartos contratados é de 19,2 mil. Para o COI, o evento exigiria 45 mil à disposição do público. O relatório também revela o atraso dos contratos dos navios que seriam usados como hotéis, no Rio. A previsão inicial da assinatura era para março, mas foi adiada para o fim do ano por conta de um “interesse mais baixo do que se esperava”.

- A questão dos hotéis está absolutamente resolvida. É um tema superado. Está amarelo, vermelho porque os hotéis têm de ficar prontos. Mas nós estamos monitorando. Hoje, você tem mais de 17 mil quartos sendo construídos nessa cidade.

Paes também voltou a criticar a Autoridade Pública Olímpica (APO), uma das garantias oferecidas ao Comitê Olímpico Internacional (COI). Segundo ele, a existência da entidade, que tem como principal função coordenar os organismos públicos envolvidos nos Jogos, é desnecessária.
- Não perco tempo da minha vida com APO nenhuma. Já falei isso com eles (COI) há anos atrás. Aqui não é a Inglaterra. Isso aqui é um país onde você tem todas as federações independentes. Todas essas execuções são de responsabilidade da prefeitura. Então, você tem uma parte que é do Comitê Organizador, que é a mais esportiva, e tem as coisas da estrutura da cidade - disse.

Fonte: http://globoesporte.globo.com